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#PERNAMBUÉSEMFOCO - TALENTOS DE PERNAMBUÉS REDEFINEM A ARTE PERIFÉRICA

Atualizado: 27 de jun. de 2023


Mozizz, artista de Pernambués com sua tela.
Foto: Lucas Rodriguez

Entrevista com Mozizz: Transformando dores em cores e arte. Pernambués é sua ilha.


Nesta entrevista exclusiva, MOZIZZ, o talentoso multiartista diretamente de Pernambués, revela como sua trajetória de vida influencia sua arte e enfrenta os desafios. Descubra como ele canaliza a raiva e outros sentimentos intensos para criar obras que encantam, sem esconder a realidade da luta diária.

Confira a seguir:


Quem é Mozizz?


Mozizz é quem nasceu depois muito tempo, em um mergulho que ainda não se encerrou na minha própria cabeça. No momento eu posso ser várias coisas, menos covarde.


Como tudo começou?


Mozizz, também conhecido como Guaxinim ou Rac, é um indivíduo que passou por diversas fases de autodescoberta ao longo de sua vida. Sua identidade principal, Mozizz, emergiu em torno de 2019/2020 e tornou-se o vulgo mais próximo de seu nome real.


Quais histórias ou narrativas sua arte busca retratar?


Pode não ser muito explícito, mas é a raiva e outros sentimentos tão fortes como ela que me inspiram e refletem as cores e modelagens dos meus trabalhos. Apesar disso, todos acham os trabalhos encantadores, só que no fundo eles não fazem parte inteiramente de um bom estado como a felicidade.


Expondo isso para as pessoas, sempre me questionam a forma que eu lido com isso e me incentivam a realizar mais obras de artes, desde as maricas, até quadros e outras formas de expressão, incluindo a rima de freestyle e versos escritos .




Quais são os principais desafios enfrentados pelos artistas que vivem e trabalham em áreas periféricas?


O reconhecimento, que em sua maior parte vem dos desconhecidos. As pessoas próximas, elas te admiram em silêncio, te copiam e/ou tentam dar uma rasteira nos seus sonhos. Esse é o motivo de cada vez mais eu querer pessoas que não me arrancam as energias, não invejem ninguém e estejam focadas nos seus projetos, pessoas assim não interferem no progresso alheio. No tempo em que comecei a produção de arte para venda, muitos me apoiaram, pessoas que eu já admirava por algum motivo. Por outro lado outras dessas pessoas me colocaram pra baixo e desacreditam até hoje do meu trajeto, mas somos nós que devemos saber o que estamos fazendo. São essas pessoas que não precisamos por perto, esse é o maior desafio para quem vem de onde eu venho.


Existem recursos ou programas específicos que você acredita que poderiam ajudar a promover e valorizar os talentos de Pernambués?


Eu estou as poucos me intrometendo nesse mundo, ainda sou um artista tímido, recolhido na minha própria caixa. Os recursos mais úteis no momento são as conexões que temos e podemos criar dentro do bairro, que por sua vez possuem uma vasta paleta de artistas, algum tipo de projeto ou oficina de exposição poderia ser bem vinda, mas acredito que antes nós precisamos nos dar valor primeiro e por em nossa cabeça que a nossa arte não deve ser guardada pra si.

Relata Mozizz.


Como Pernambués influenciou/influencia na sua arte?


Em tudo, o lugar onde cresci é a minha ilha, como costumo dizer. Então, especialmente pelo carinho que tenho pelo bairro, eu posso sentir por todas as coisas que acontecem dentro dele.

Em tudo, o lugar onde cresci é a minha ilha, como costumo dizer.

Tudo que produzo tem um pouco do meu bairro, desde o mínimo até o máximo de onde meus sentidos alcançam no momento. Atualmente eu estou pintando um quadro que vai se chamar "Eu perdi meus amigos" e fala do sangue derramado, mas suas cores remetem a esperança que o céu nos trás de que tá tudo bem apesar de tudo.



Quais são as diferenças que você enxerga entre a arte produzida nas áreas periféricas e a arte produzida nas áreas nobres?


De forma concisa, o compromisso com o que de transfere de dentro para fora, a arte ao meu ver não pode ser vazia, não vai fazer nenhum sentido.

Mas por outro lado eles aprendem a se amar e se abraçar pra viver numa bolha de positividade, nós vivemos nas guerras constantes, uma longa luta por sobrevivência.


Como a falta de recursos e infraestrutura nas áreas periféricas impacta a produção e a difusão da arte?


Dentro do meu bairro não acredito na falta de infraestrutura, possuímos programas implantados como o Grupo Alerta Pernambués (GAP) e temos também uma sede criada pelo vereador com o intuito de realizar eventos e oficinas para a comunidade, coisa que ainda não aconteceu. O GAP carrega um bom histórico de feitos, mas relacionados à arte entre os jovens ele deixa a desejar,.


Como podemos viver a vida nos especializando para o mercado de trabalho? Cegos e ansiosos pelo que nos represente? E o que melhor do que a sua arte para te apresentar essa representatividade?


O impacto, na minha visão, vem por esse lado de não possuir a aplicação de recursos para os artistas locais, seja lá quais forem suas vertentes. Os artistas precisam de autoestima e a falta dos dois fatores citados na pergunta me remetem a pergunta número 3, se não temos a autoestima desde o início e no nosso ciclo de convivência, nós vamos guardar a arte, não vamos nos aprofundar nas oportunidades nem aos mecanismos em nossa volta que podem ser aproveitados. Então o maior problemas não é a infraestrutura e os recursos porque sempre damos um jeito nisso, a comunicação e coletividade em prol de um mesmo objetivo é o que limita a nossa difusão. Como vamos aparecer se não sabemos como e o que fazer, além de produzir arte?

Descreve Mozizz.


Esse é o segundo episódio da série de entrevistas #PernambuésEmFoco que tem como objetivo destacar a jornada artística de talentos do bairro de Pernambués, e trazer à tona os desafios enfrentados pelos artistas que vivem em áreas periféricas. A entrevista busca promover a valorização dos talentos locais, ressaltando a importância de investimentos, programas e políticas públicas que possam impulsionar o crescimento e reconhecimento dos artistas periféricos.

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