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FESTIVAL MARÉ DE MARÇO LEVA ARTES CÊNICAS PARA AS RUAS


Crédito: Divulgação/Fabio Alcove


Passados 6 anos de hiato, o Festival Maré de Março volta às bibliotecas, praças e espaços culturais de Salvador, apresentando uma curadoria de 10 espetáculos que unem teatro, circo e música. A principal vocação do evento, nas palavras de seu diretor geral Gordo Neto, continua sendo a mesma de quando ele começou lá em 2013: “Promover um desvio aos espaços convencionais criando alternativas às artes cênicas a pessoas que não frequentam as salas fechadas de espetáculos, além de priorizar grupos e produções que invistam na investigação estética em espaços não-convencionais”.


Para compor a quinta edição do Maré, que acontece a partir desta terça-feira (19) até domingo (24) de março, 3 espetáculos convidados e 7 selecionados por meio de chamada pública foram escolhidos pelos curadores Antrifo Sanches, Mônica Santana, Caio Rodrigo, diretor artístico do Festival e pelo próprio Gordo Neto.

O festival tem como sede principal a Casa Preta Espaço de Cultura e terá apresentações na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, no Largo do Santo Antônio/Forte da capoeira, Cruzeiro de São Francisco e Praça Municipal.


Dentre os mais de 50 inscritos, compõem a mostra: “Biblioteca de dança”, do grupo Dimenti; o solo "Das 'Coisa' Dessa Vida...", com o ator Ricardo Fagundes; as performances de dança e acrobacia “Esfera” e Roda Cyr, da multiartista Pauline Zoé; Mais um Gol de Cabeça - Mário Falcão e Johann Alex de Souza; a peça “Histórias do Mundão”, do grupo soteropolitano Chegança Atelier Cultural; a peça “Museu do Que Somos”, do grupo de artistas gays CORRE Coletivo Cênico; e o espetáculo de rua “Rominho e Marieta”, dirigido por Letícia Aranha. Já entre os convidados estão os espetáculos “Ubu”, do Clowns de Shakespeare, Facetas e Asavessa, de Natal, O “Boitepetei”, do Teatro Popular de Ilhéus e o “Violeta Parra, Uma Atuadora, de Tania Farias/Oi Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre.



Crédito: Divulgação/Rosival Aquino


Original do Rio Grande do Norte, O Clowns de Shakespeare é um grupo com 30 anos de atuação, sediado em Natal e que desenvolve ações focadas no teatro popular, em especial no teatro de rua. O grupo já cultiva uma relação longeva com Bahia, tendo se apresentado no estado muitas vezes ao longo dos últimos 20, porém essa é a primeira vez que integram a programação do Maré.


“Não tenho dúvida que o perfil de festival que mais nos interessa estar junto é exatamente o perfil dos festivais como o Maré de Março. Porque é um evento proposto por artistas, que surge de um grupo, que tem uma premissa de troca, de compartilhamento, de fortalecimento de relações, de uma relação que ultrapassa meramente a apresentação do espetáculo, apresentar para o público mais outros níveis de troca.Então, por exemplo, além do Ubu, a gente vai estar com o filme também, vai estar com o documentário, seguido de uma conversa com o público. Isso nos dá uma outra possibilidade de troca com o público e, obviamente, com artistas e grupos soteropolitanos, que é uma cidade com a qual a gente tem tantos afetos, tantos companheiros e companheiras, parceiros e parceiras”, declara Fernando Yamamoto, diretor artístico do Clowns de Shakespeare.

No Maré de Março, o Clowns apresenta o documentário “Um Filme sem Fim”, do cineasta Carito Cavalcanti, sobre os 30 anos do grupo e o espetáculo Ubu: O que é bom tem que continuar. A peça é uma colaboração entre Clowns e os grupos de teatro Facetas e Asaversa, também de Natal, que têm uma história compartilhada e decidiram se unir durante o período de reconstrução pós-pandemia para criar um espetáculo popular de rua, sem recursos, apresentado em uma roda de 360 graus. Inspirados na obra original 'Ubu Rei' de Alfred Jarry, o espetáculo se passa em um país fictício latino-americano chamado Embustônia, onde os personagens principais, pai e mãe Ubu, chegam em um barco à deriva e tentam implantar suas artimanhas de tomada de poder.


Utilizando a linguagem da comédia como uma ferramenta crítica, a peça aborda temas como a ascensão da ultradireita na América Latina e suas consequências, fazendo uma análise ácida e humorada do contexto político atual.



Retorno do festival


Em suas quatro edições anteriores, o Festival Maré de Março já recebeu dezenas de grupos e espetáculos como Antagon, da Alemanha, a Outra Cia de Teatro, Nariz de Cogumelo, Via Palco, Grupo Toca de Teatro, Núcleo Viã Satã, Lívia Matos com a sua Sanfonástica Mulher, Teatro Terceira Margem, dentre outros. O diretor Gordo Neto explica que o hiato desde 2017 se deu sobretudo pela falta de mecanismos de fomento e financiamento, já que o Maré surgiu como iniciativa independente. Sobre a volta, ele declara ser fruto da parceria entre grupos, artistas e técnicos que atualmente se relacionam com a Casa Preta Cultura e a possibilidade de captação de recursos por meio de edital público.


Caio Rodrigo, diretor artístico do festival, partilha que com o retorno do Maré, o público terá a oportunidade de ver grupos com mais de trinta anos de história, artistas que estão iniciando sua trajetória, além de grupos e produções de destaque na cena local. Ele destaca ainda que esse ano as apresentações dos espetáculos contarão com visita guiada sensorial para atender às necessidades específicas das pessoas cegas ou com baixa visão, tradutor de libras para possibilitar acesso ao público de surdos, além de acompanhante terapêutica para auxiliar pessoas com deficiência, distúrbios, transtornos ou limitação de locomoção.


“O principal objetivo do Festival é promover produções que priorizem a pesquisa e criação estética em espaços não convencionais, colaborando para uma ocupação mais criativa e democrática das ruas e espaços alternativos da cidade, transformando estes espaços em veículos de entretenimento e reflexão”, afirma Caio Rodrigo.


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