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EDITORA ÒMNIRA PROMOVE O SARAU DO AGDÁ NESTA SEXTA-FEIRA


Foto: Arquivo Pessoal


Evento marca lançamento da coletânea Kimpwanza Poesias & Poemas e do Dicionário de Angolês


Na noite de hoje, a Editora Òmnira promove um Sarau do Agdá para marcar o lançamento dos livros Kimpwanza: Poesias & Poemas e Dicionário de Angolês. A iniciativa cultural busca divulgar aqui a literatura e a cultura angolana, além de valorizar a diversidade linguística e cultural dos países de língua portuguesa.



O evento, que será realizado às 18 horas na Casa de Angola na Bahia, é uma oportunidade para conhecer a literatura e cultura angolanas, bem como celebrar a união entre as culturas daqui e de lá.

A programação será conduzida pela poeta Jovina Souza, com a exposição de revistas e livros de autores africanos e brasileiros da Editora Òmnira, bate-papo com os autores presentes e coquetel ao final. O Sarau tem o apoio da Casa de Angola na Bahia, do Movimento Literário Kutanga e da UBESC – União Baiana de Escritores.


Em Kimpwanza: Poesias & Poemas é possível encontrar a participação de 19 poetas contemporâneos, sendo cinco angolanos, 13 brasileiros, um moçambicano, um são-tomense e um cabo-verdeano.


Com apresentação da professora de letramento racial brasileiro, a poeta e crítica literária Jovina Souza, a coletânea tem orelhas do poeta e ativista cultural são-tomense Carlos Cardoso e arte de capa do chargista e escritor cabo-verdeano Moustafa Assem.

Os coautores são Ângela Maria Correia, Anne Siqueira, António Palembi, Baco Figueiredo, Caetano Barata, Carla de Jesus, Carlos Souza Yeshua, Eduardo Tchandja, Elizete Nunes de Almeida, Gloria Terra, Hera de Jesus, Ismael Farinha, Negra Luz, Paula Anias, Tatiana Deiró, Tonho de Paiaia, Valdeck Almeida de Jesus, Vinicius Cardoso e Wende Bocado.


Já o Dicionário de Aangolês, do jornalista, escritor, pesquisador e ativista cultural brasileiro Roberto Leal, traz um apanhado de ditos populares dos guetos e musseques de Angola. Incluindo também mais do Calão angolano, além da sua irreverência e poder de força da palavra. É dessa mistura que surge um novo dialeto, idioma, nova língua ou um novo falar, o angolês.


“Para me sentir seguro, convidei cinco pessoas de regiões diferentes do país para que me ajudasse no trabalho de pesquisa do significado dessas palavras”, descreve o jornalista. Ele convidou a estudante de Jornalismo benguelense Edeltrudes de Brito, o advogado luandino Fernando Dyakafunda, o músico gospel uigense Nely Lucas e a estudante de Jornalismo luandina Paulina Catari, que colaboraram para a escrita do dicionário. Além de outras referências de publicações artísticas e acadêmicas que foram essenciais para obra, que é no formato pocket e tem apresentação do jovem poeta, ator e diretor de cinema angolano Blandine Klander.

O Dicionário de Angolês possui mais de 1.200 verbetes, dentre palavras e expressões, que levaram quatro anos de pesquisas, contando com a colaboração de cinco pessoas de diferentes regiões da Angola, que deixaram sua contribuição nessa obra.


Roberto se baseou no já clássico Dicionário de Baianês de Nivaldo Lariú. Ao andar pelos guetos de Angola e ouvir diferentes dialetos e gírias específicas, ele notou que através de uma pesquisa dessas línguas populares, poderia criar um dicionário.


“Eu fui nessa onda, surfei nisso e lancei o angolês. Buscando selecionar as expressões alternativas dos guetos, das comunidades carentes do país, de várias regiões, várias províncias”.

Para Roberto, se destacam no dicionário as palavras que possuem significado alegre, algumas irônicas e descontraídas.


“Sempre tem as palavras levadas ao termo de gozação, ao termo de entretenimento, brincadeira, geralmente o calão surge de muito palavrão. Aqui no Brasil quando a pessoa fala muito palavrão dizemos que ela fala muitas palavras de baixo calão. Na Angola se fala calão, que é gíria, as inversões verbais”, explica o autor.


Kimpwanza = Liberdade


Hera de Jesus, de Moçambique, relatou que seu poema é inspirado no cotidiano, nas vivências, cultura e povo.


“O leitor poderá encontrar no Kimpwanza uma obra completa. Trabalho feito por escritores da lusofonia, um prato com temperos diversificados. Com os meus poemas pretendo despertar o público para as deficiências sociais que tenho observado. Busco também celebrar o que somos, a nossa cultura, nossas raízes”, admite a poetisa.

O poema do brasileiro Carlos Souza, também presente na coletânea, foi inspirado no tema do livro. “Kimpwanza” significa liberdade, e o autor apresenta uma perspectiva da busca por conexão com o principal instrumento de libertação e empoderamento: a educação. Carlos descreve que as suas referências estão calcadas na sociologia, antropologia e principalmente na história do povo brasileiro e suas lutas contra todo tipo de escravidão, que ainda fere a dignidade da pessoa humana.


“Kimpwanza é um grito de liberdade contra todo tipo de tirania e opressão. E fé e esperança de que há possibilidades de libertarmo-nos dos efeitos da escravidão que ainda persistem na sociedade contemporânea. Temos o direito pleno e inalienável de sermos livres, no sentido mais completo da palavra: livre para sonhar, pensar, para expressar-se, para viver nossa plenitude social, garantida pela Constituição Federal e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos”, reivindica Carlos.

O angolano Eduardo Tchandja, participante da coletânea, utilizou o vazio como inspiração para seu poema.


“Penso que todo mundo já sentiu algum vazio, há aqueles momentos que um poeta, como é por excelência ou por natureza inspiradora, busca a musa em qualquer lugar, em qualquer momento que ele estiver a viver. Então o vazio vem a exemplificar concretamente esta vida que às vezes é cheia de ocupações – mas as ocupações podem tornar-se um vazio se a vida não for vivida com a máxima essência”.

Inspirado no amor, na diversidade, o angolano Ismael Farinha abordou no seu poema a essência de passar o conhecimento através do amor, do sentimento puro.


“Esse é um dos grandes objetivos que eu tenho escrito nos meus poemas. Os leitores poderão encontrar poemas que retratam daquilo que é o amor e que é despir-se de barreiras do que nós chamamos de saber fazer, saber fazer no sentido de amar, no sentido de poder beber mais e partilhar as boas práticas enquanto ser humano”, conclui o poeta.

Roberto Leal, autor do Dicionário de Angolês e organizador do sarau, descreve o lançamento das obras da Editora Òmnira como uma oportunidade de aproximar a comunidade angolana da Bahia com a comunidade local. Além de permitir uma troca cultural e linguística durante o bate-papo com os autores dos poemas que estarão presentes.




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