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ARTISTA BAIANO LANÇA EDITORIAL QUE BUSCA FORTALECER ANCESTRALIDADE ENTRE MULHERES


Foto: Jéssica Docezero

O artista visual Del Nunes está lançando nesta terça-feira (8) o projeto editorial 'Eu Sou Porque Nós Somos', que busca proporcionar através da arte visual o fortalecimento da ancestralidade, identidade e afeto entre mulheres.


“Esse projeto faz um resgate sobre como o cuidar do cabelo feminino mantém uma tradição viva. Ele vai ao contrário da herença do massivo preconceito da escravidão e eurocentrismo que foram deixados durante as tentativas de apagamento cultural. Esse editorial solidifica toda uma trajetória de espiritualidade, ancestralidade, identidade e até mesmo resistência. Essa é uma collab digital que enaltece três mulheres de gerações diferentes e valoriza os seus penteados, além de contar histórias em relação a cada uma com seus próprios cabelos”, explicou Del, em entrevista ao BN Hall.

De acordo com o artista, o editorial mostra três mulheres mantendo a cultura ao utilizar os penteados afro que as mulheres negras herdam, tradicionalmente, da cultura ancestral, visto que os diferentes tipos de turbantes e tranças nagô, símbolos presentes em 2022, têm origem africana e representam bem mais que moda.


O editorial conta com a direção de Del Nunes, produção de Ludmila Singa, fotografia Jéssica Docezero, apresentando, Negra Jhô e Gisele Soares e Ayomí Zhuri.


Del é podcaster, web empresário, publicitário e artista, famoso por suas releituras de pinturas através de colagens, como a “Monabléque”, obra que Nunes se inspirou na “Mona Lisa” de Leonardo Da Vinci e que utilizou de referências do seu cotidiano, levantando inclusive a representatividade racial e social, elementos que são típicos das suas peças.





Ao BN, ele contou que sua paixão pela arte surgiu desde a escola, período em que sempre esteve envolvido em trabalhos visuais, relacionados à direção de arte: “isso me trazia retornos muito positivos”.


Diante da sua facilidade com o design, Del foi estudar comunicação com habilitação em publicidade, o que afirma ter ampliado seu repertório, e foi dentro do ambiente acadêmico que começou a se dedicar ao mercado.


“Sempre curti tirar fotos minhas e dos outros, mas eu nunca publicava porque não achava instagramável e eu pensei em desconstruir todas as fotos que eu tirava e postar elas de uma forma só no Instagram, e foi a partir disso que comecei desenvolver essa linguagem que é colagem. Só que isso me dava muito trabalho de tempo e intelectualidade… eu queria continuar fazendo aquilo porque estava dando uma repercussão legal, mas eu não queria mais fazer tudo junto e assim passei a fazer as colagens de forma separada, como faço atualmente”, relatou.

Através das produções independentes foi que o artista baiano percebeu que suas obras poderiam adotar um valor comunicacional, inserindo uma mensagem que tivesse a ver com suas vivências e assuntos que acompanha no seu cotidiano.


“Morar em uma periferia é você desestigmatizar para quem está de fora, mas também para quem está dentro. Uma parcela das pessoas que cresceram na periferia, por exemplo, muitas vezes ouviram que Racionais era música de ladrão, algo que nos foi muito repetido para que houvesse um afastamento do rap. Rap, candomblé, blues, samba, funk… antes deles serem elitizados ou embranquecidos, como diz Baco Exu do Blues, lá no álbum Bluesman, isso que hoje está na mídia sofria muito preconceito e isso sempre foi um espaço de muita inspiração, e tudo isso está presente em uma favela, tudo isso você encontra em uma periferia”, disse.

Questionado se vive da sua arte, Del explica que ser artista não é necessariamente ser uma pessoa famosa, mas que através da sua arte consegue tirar uma renda extra.


“Estou indo morar em outra cidade, vou trabalhar com direção de arte, mas é um trabalho prestado para uma agência. O Instagram para mim não é rentável, mas ele serve de portfólio para poder mostrar a minha arte. Em relação a viver da minha arte, eu não estou perto, mas também não estou longe disso”, afirmou.


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