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HISTÓRIA EM QUADRINHOS CRIA LINK ENTRE A BAHIA E A ITÁLIA


HQ Roma Negra, de Esteban Vivaldi. Crédito: divulgação


Ilustrador e documentarista ítalo-chileno Esteban Vivaldi está lançando Roma Negra, sua primeira graphic novel


O ilustrador ítalo-chileno Esteban Vivaldi, 48, admite que tem um olhar estrangeiro sobre a Bahia e que ainda mantém certa admiração diante do que vê. Se bem que, casado com uma baiana, pai de um filho soteropolitano e morando por aqui desde 2014, esse olhar já está um tanto contaminado.


Para compor Roma Negra, sua primeira graphic novel e a primeira da editora Solisluna também, Esteban se valeu desse “olhar estrangeiro” como elemento fundamental.


“É uma perspectiva interessante para um artista, pois implica uma distância do objeto de observação que acho necessária para um autor. É um ponto de vista virgem sobre as coisas que, como já falou Contardo Calligaris, vai sumindo, apagado pela cotidianidade da vivência e pelo fato de se acostumar às coisas com o passar do tempo”. O livro será lançado em 13 de agosto, às 16h, na Flipelô, em mesa mediada por Gutemberg Cruz, um dos maiores especialistas em quadrinhos na Bahia.

A trama, que guarda um quê do imaginário de Jorge Amado e Carybé, acompanha três histórias, a de um jovem casal que vem do sertão baiano a cavalo para conhecer o mar e chegam no dia de Iemanjá; a de um italiano com um passado obscuro que viaja num navio de carga e resolve ficar em Salvador; e a de um pintor estrangeiro, com um jeito meio Bukowski de ser mas cheio de baianidade, que reinterpreta as curvas de uma modelo soteropolitana.


O ponto de convergência é a cidade, sua cultura e arquitetura.


“Salvador é uma cidade complexa, que permite infinitas interpretações e que, aliás, pede para ser interpretada. É um lugar que pode revelar muito sobre a vida para quem quer enxergar e ouvir de verdade”, pondera.

O ilustrador Esteban Vivaldi. Crédito: Caroline Severo/divulgação

Os quadrinhos de Esteban, pintados em aquarela em gradações de preto, têm muito da linguagem cinematográfica. Até porque o autor, arquiteto de formação, além de desenhar desde menino, primeiro no Chile, onde nasceu, e, em seguida, em Roma (Itália), onde morou a maior parte da vida, trabalha como editor de documentários. Nesse sentido, privilegia claramente as imagens ao texto.


“Considero Roma Negra como meu segundo filme [o primeiro é o doc A Era do Cobre/2016], só que tive que mudar de linguagem pois os quadrinhos usam uma linguagem específica que pode ter influências no cinema e na literatura, mas deveria ser tratada como exclusiva das histórias em quadrinho. Gostaria é de fazer uma longa de animação algum dia, adaptar Roma Negra. Acho que seria interessante rever um pouco a história e, claro, o lindo desafio de introduzir a música e o som, elementos tão necessários na Bahia”, diz.

O título faz uma referência dupla. A Salvador, conhecida também como Roma Negra, por conta da forte presença das religiões de matriz africana, e à capital italiana, onde Esteban passou boa parte de sua vida:


“É uma relação de tipo poética e espiritual. As duas são capitais religiosas importantes: Roma é a capital do catolicismo, Salvador é a capital do candomblé. Às vezes, alguns cantos daqui até parecem com a Cidade Eterna!”.

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