Conhecido como "Oh Supervisor", Sandro Souza tem mais de 800 mil seguidores que se identificam com o "modo de vida de proletariado".
"Estou na UPA agora". Essa foi a primeira frase dita pelo influenciador baiano Alessandro Souza ao atender a reportagem do g1. Entre a preocupação e planejamento de uma nova data para a conversa, o baiano já entregou o sorriso que é sua marca registrada nas redes sociais.
A entrevista começava com um 'migué', a "desculpa" em bom 'baianês', do mesmo tipo que o influenciador de 27 anos conta que dá no trabalho para seus seguidores nas redes sociais.
"Alô, supervisor!"
Com 833 mil seguidores, Sandro, como é carinhosamente chamado, é do bairro Engenho Velho da Federação, em Salvador. Com dicas que não devem ser seguidas à risca por quem deseja manter o emprego, ele conquistou a capital baiana e já tem fãs até outros estados.
Não há canto de Salvador em que ele ande e não escute um "alô, supervisor!", seu bordão mais famoso. Sempre com o sorriso no rosto, ele leva alegria ao proletariado, que muitas vezes precisa sobreviver em um ambiente hostil.
"Sabe por que a gente toma advertência por chegar tarde no trabalho? Porque tem gente que chega cedo. Todo mundo tem um colega de trabalho que chega cedo todo dia, pode estar caindo granizo, tendo trovoada, o cara chega cedo. Pare de chegar cedo no trabalho!”, brinca em um dos vídeos.
O baiano, que trabalha em uma empresa em Salvador que nunca teve (nem nunca terá) o nome divulgado, brinca com personagens fictícios totalmente baseados na realidade.
Colegas de trabalho chatos, ou "malas", que chegam cedo demais; o supervisor que é constantemente enganado; o dono da empresa, Sr. Antônio; e o Dr. Prevenildo, que é o médico responsável por fornecer os atestados para o quadro de saúde instável do funcionário, que tem "constantes problemas no joelho".
Apesar de "zoar" os colegas e chefes, Sandro diz que na vida real a empresa acha graça e incentiva o trabalho do baiano nas redes sociais. Nos vídeos dele, a verdade se confunde com a ficção, e o que os seguidores sabem é que Sandro é “gente como a gente”.
“Eu falo da realidade que eu vivo. Eu mostro o buzão, a comunidade, então uma pessoa que acorda 5h da manhã e está na mesma situação vê o meu sorriso no rosto e fica feliz também”, afirmou.
O baiano começou a postar os vídeos em uma rede social em 2016, mas não tinha tantos seguidores. Durante a pandemia, desempregado e desanimado, ele migrou para uma outra rede. Com pouco alcance, até pensou em desistir das postagens divertidas.
“Um vídeo viralizou e eu acho que foi Deus. Eu estava no meu quarto e pedi para Deus falar comigo, queria entender se era para continuar. Queria alcançar mais pessoas. Depois disso, um vídeo meu viralizou e, em um dia só, ganhei 15 mil seguidores”, disse.
Apesar de querer atingir mais e mais pessoas, Sandro não pensava em fama, nem em dinheiro. Diz se tratar de um hobbie, uma forma de divertir as pessoas que vivem uma realidade parecida com a dele.
O 'boom' veio recentemente. Em menos de um ano, “Oh Supervisor” conquistou 800 mil seguidores que comentam, curtem e interagem com o conteúdo dele. Além das redes sociais, o baiano ainda bate ponto em empresa como boa parte dos seus seguidores.
“Eu sou um jovem de periferia e quando a fama veio, eu não entendi direito. Eu não tinha noção de quanto cobrar em publicidade, não tinha noção de nada, para mim era só diversão”, afirmou.
Com o sorriso largo durante toda a conversa, Sandro é o tipo de pessoa que "deixa a vida levar" e que é grato às oportunidades. Quando aos planos para o futuro, a resposta é de um trabalhador comum.
"O pensamento agora é só entrar de férias".
Já o pensamento a longo prazo é comprar uma casa para a mãe, além de continuar curtindo o carinho dos fãs.
Sem papas na língua e com alegria de sobra, o baiano se despediu sorridente e fez questão de dar mais uma de suas dicas que deixam empregadores e trabalhadores atentos: "final de semana a produção é só 30%".