O esporte e o social juntos com as remadas no mar
É sempre maravilhoso quando você quebra paradigmas, enfrenta barreiras, seus próprios medos e faz história. Essa é a marca da professora de dança, instrutora de remo e estudante de Educação Física, Zélia Nunes, mais conhecida como Zel.
Como ele mesma costuma afirmar, sua história começa quando ela caiu, de paraquedas, no banco do leme de uma canoa havaiana. Isso lá pelos anos de 2014, quando Zel começou a remar e de imediato se apaixonou pelo esporte.
No primeiro momento ela se juntou a outras cinco mulheres e elas formaram uma equipe feminina, e já no final desse ano elas foram competir no Rio Va´a, uma importante prova carioca.
Treinaram durante oito meses e de uma hora para outra, devido a uma lesão com a capitã da equipe, Zel virou a capitã e sentou no banco do leme da canoa, ficando com a responsabilidade de dar a direção do equipamento para todo o time. Foram apenas três meses para ela se adaptar à nova função.
Esse foi o grande desafio dessa destemida atleta, que confessa que a partir desse momento nascia a KilaKila, a equipe que posteriormente viraria o grande grupo esportivo social, que atua, desde a sua fundação, na Praia da Preguiça, na Avenida Contorno.
E KilaKila, nome haviano, significa “mulher valente”, bem apropriado para esse grupo de mulheres que enfrentou a prova carioca, com mais de 30 canoas participantes e terminaram em terceiro lugar, na categoria Master 40 e no geral ficaram em 10º lugar.
Na volta para Salvador, o grupo não se separou e as meninas mantiveram uma das mais fortes equipes baianas de canoa havaiana, ganhando diversas provas e subindo no podium em dezenas de outras.
Segundo Zel, não tinha um final de semana que elas não fossem tomar café na Penha, na Ilha de Itaparica. Ir e voltar à Ilha, de canoa era um dos seus treinos prediletos.
“Todo domingo, podia estar chovendo canivete que a gente ia na Penha. A travessia era uma mistura de treino, brincadeiras, conversas e muita alegria. Era um momento só nosso”, disse Zel.
Até o final de 2016 a equipe feminina se manteve em intensas atividades, mas no final deste ano o grupo começou a se dispersar, devido ao trabalho de cada uma das atletas. Elas chegaram a ficar um ano sem treinar e a equipe foi se desfazendo.
Sai a equipe e entra a Escola KilaKila, que começou como uma brincadeira entre amigos e virou coisa série, com uma forte ação social, além da esportiva.
Desde a fundação da equipe esportiva que depois virou uma escola, a Kila Kila funciona na Praia da Preguição, na Avenida Contorno, onde Zel mantém três canoas e cerca de 30 equipamentos individuais.
Hoje a Escola KilaKila mantém uma grande parceria com as comunidades da Preguiça e da Gamboa, desenvolvendo um trabalho social no local, que começou com o projeto Remo Sem Fronteira (que não existe mais) e a escola emprestava as canoas para as crianças utilizarem.
A escola KilaKila mantém hoje o projeto Meninas Rosas, para mulheres que passam pela cirurgia do câncer de mama.
“É um trabalho de formiguinha, mas vamos em frente”.
Também o projeto “Não ao lixo no mar”, que serve para dar consciência dos alunos para evitar o lixo no mar. Tem ainda um trabalho de arrecadação de alimentos para a comunidade.
A canoa havaiana tem um trabalho coletivo. Segundo Zel, nesse esporte, são seis corpos e um só espírito. Todos reunidos fazendo tudo juntos. Nessa união, todos tiram a canoa para colocar no mar, para montar e remar. Todos trabalhando juntos e com harmonia. E isso, segundo Zel, faz com que ela se apaixone cada vez mais pelo esporte e essa filosofia de vida.
Comments