Representantes de entidades negras participaram, nesta sexta-feira (18), no Museu Eugênio Teixeira Leal, no Centro Histórico de Salvador, do lançamento do projeto "Agô Bahia", denominação com a expressão em iorubá que significa "pedir licença". A iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Turismo (Setur-BA), em parceria com a Secretaria de Cultura (Secult), visa promover o incremento do turismo religioso de matriz africana e do afroempreendedorismo.
A ideia é criar novos roteiros de visitação a locais sagrados e oferecer oportunidades de negócios no segmento.
Na primeira etapa do projeto, prevista para ser concluída em dezembro deste ano, um grupo de trabalho com técnicos de órgãos públicos estaduais e da sociedade civil vai selecionar 10 terreiros de candomblé e umbanda, em Salvador e região metropolitana. Os templos religiosos precisarão cumprir alguns requisitos, como ser tombado ou estar em processo de tombamento, ter espaço para receber visitantes e realizar atividades com características turísticas.
Na segunda etapa, a partir de janeiro de 2023, os representantes dos terreiros escolhidos passarão a fazer parte do grupo de trabalho, para a definição conjunta de ações nas áreas de infraestrutura, elaboração de roteiros e capacitação de empreendedores negros.
"A força do turismo da Bahia está diretamente ligada às contribuições históricas e culturais do povo negro. Vamos potencializar esse patrimônio com ações de valorização das religiões de matriz africana. O Governo do Estado mobilizou as entidades do segmento, que serão ouvidas durante todo o processo", destacou o titular da Setur-BA, Maurício Bacelar.
O presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-ameríndia (Afa), Leonel Monteiro, está otimista.
"A nossa instituição congrega terreiros e vê com positividade esse projeto. Somos um público que historicamente virou cartão-postal da Bahia, mas precisava de incentivo, para que as ações sejam ordenadas e despertem nos turistas mais interesse nas tradições de ancestralidade africana".
"Essa iniciativa vai contribuir para que as pessoas conheçam a nossa religiosidade, evitando o preconceito. O entrelaçamento com o turismo vai nos fortalecer. Recebemos nas festas para os orixás mais turistas internacionais e queremos que um número maior de brasileiros participem também", completou o representante do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, Rodrigo Codes.
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