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O Mundo Dá Voltas: BaianaSystem expande suas fronteiras sonoras e reafirma sua identidade afro-latino-americana

  • Foto do escritor: Yasmin Azevedo
    Yasmin Azevedo
  • 10 de fev.
  • 2 min de leitura

Nomes de peso como Anitta, Emicida, Gilberto Gil, Melly, Seu Jorge e Vandal integram o disco, que conta com a produção de Daniel Ganjaman e direção musical de Russo Passapusso, conduzindo uma jornada imersiva pela diversidade sonora.



A BaianaSystem nunca foi apenas uma banda. Desde sua formação, o grupo liderado por Russo Passapusso assumiu a missão de traduzir a pulsante identidade sonora e política da Bahia para o mundo. Com O Mundo Dá Voltas”, seu mais recente álbum, a banda segue essa rota de insurgência musical, conectando Salvador às veias abertas da América Latina e expandindo sua própria sonoridade.


Lançado em 16 de janeiro pela gravadora da banda, Máquina de Louco, o disco chega com uma nova roupagem. Os beats perderam apressa em faixas como Agulha, que conta com a voz marcante da cantora chilena Claudia Manzo, mas essa lentidão não compromete a intensidade da mensagem. A Baiana segue afiada em suas críticas sociais, com letras que escancaram desigualdades e reafirmam a resistência dos povos negros e indígenas da América Latina.


A produção musical de Daniel Ganjaman, sob direção de Passapusso, resulta em um álbum maduro, trabalhado ao longo de três anos. Essa densidade se reflete em faixas como Porta Retrato de Família Brasileira, que cita o conceito de "Améfrica Ladina" da antropóloga Lélia Gonzalez, e tem participação de Dino D'Santiago e Kalaf Epalanga (musico e escritor angolano).


Baianasystem no Red Bull Studios
Baianasystem no Red Bull Studios

A intersecção entre passado e presente é uma marca registrada da BaianaSystem, e O Mundo Dá Voltas reforça essa ponte. A presença de Antonio Carlos & Jocafi em Batukerê e Praia do Futuro(esta última com Seu Jorge) evoca as raízes afro-brasileiras e dialoga com o álbum O Futuro Não Demora (2019). Russo dilata toda estrutura estética do futuro nesse disco do presente.  Além disso, a Orquestra AfroSinfônica amplia a grandiosidade da faixa-título, reafirmando o poder percussivo da banda.


A banda também expande seu mapa sonoro ao incorporar elementos da musicalidade amazônica em Palheiro, composição instrumental do guitarrista paraense Manoel Cordeiro e de Roberto Barreto. E como a BaianaSystem sempre retorna às suas raízes, Pote D'Água conecta a banda com os conterrâneos Gilberto Gil e Lourimbau, mestre do berimbau e autor da canção. É de casa - Salvador  - que vem vem a força de O Mundo da Voltas.

No universo colaborativo do grupo, A Laje se destaca com versos de Emicida e a voz de Melly, nova revelação da cena baiana. Já Cobra Criada / Bicho Solto traz a incisiva participação do rapper Vandal, e Balacobaco surpreende ao unir a BaianaSystem com Alice Carvalho e Anitta, criando uma das faixas mais explosivas do álbum.

No desfecho dessa jornada, Ogun Nilê reforça o tom espiritual e ancestral do disco, em diálogo direto com a faixa de abertura, Batukerê.


Foto: Divulgação/Bob Wolfenson
Foto: Divulgação/Bob Wolfenson

Com O Mundo Dá Voltas, a BaianaSystem reafirma sua identidade mutável, mas fiel à sua essência. O disco é uma celebração da cultura afro-latino-americana e, ao mesmo tempo, um chamado à reflexão e à luta. A história não para, e a BaianaSystem segue impulsionando-a com seu som. Resta saber se a banda prepara o disco para o carnaval, onde puxa uma das maiores pipocas da festa.

 

 

 
 
 

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