
De 24 a 28 de agosto, acontece a terceira edição da Feira Literária Internacional de Canudos (Flican) que este ano será realizada de forma presencial e vai homenagear o escritor, dramaturgo, professor paraibano Ariano Suassuna. Na sua programação, a Flican oferecerá palestras, shows musicais e outras manifestações culturais, com foco no repertório histórico e literário dos sertões, tendo como tema Revisitar Canudos, reinventar o Brasil.
Aberta a um público nacional e internacional, a Flican sediará atividades em espaços icônicos da história e da cultura do país, como o Parque Estadual de Canudos, o Memorial Antônio Conselheiro, o Museu João de Régis, o Museu Manoel Travessa, o Mirante do Conselheiro e o Instituto Popular Memorial de Canudos. A feira terá forte participação dos estudantes da rede pública de ensino.
De acordo com o curador da feira, professor Luiz Paulo Neiva, ao longo do evento, serão também abordados temas relacionados aos marcos comemorativos de 2022: 200 anos da Independência do Brasil; 100 anos da Semana de Arte Moderna; 120 anos da publicação de Os Sertões; 125 anos da Guerra de Canudos; 180 anos do Conselho Estadual de Educação; 60 anos da efervescência das ligas camponesas no Brasil.
Homenagem
Homenageado da terceira edição da Flican, Ariano Suassuna se consagrou como grande expoente da literatura brasileira e se destacou pela defesa da cultura popular do Nordeste. No seu vigoroso repertório, Suassuna, falecido em 2014, capturou a genuína face de um Brasil merecedor de profundo e ampliado reconhecimento interno e internacional, sendo exemplo a sua famosa peça teatral O Auto da Compadecida e a obra literária Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta.
Seus trabalhos são inspiradas na cultura popular e têm como referências e menções, entre outras personalidades, Euclides da Cunha, autor de Os sertões, e Antônio Conselheiro, líder e fundador de Belo Monte (Canudos).
Ocupante da cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras de 1990 até o ano de sua morte, em 2014, Ariano Suassuna atuou, ainda, como secretário de cultura do estado de Pernambuco. Em seus últimos anos de vida, dedicou-se ao projeto Arte como Missão, realizando palestras, as chamadas aulas-espetáculo, em que percorria todo o país, sempre fazendo referência à Guerra de Canudos e afirmando que “Quem não conhece Canudos, não conhece o Brasil”.
Programação diversa
A programação da III Flican oferecerá um repertório denso e multidisciplinar de atividades temáticas na forma de conferências. Além das mesas de conversas e shows, o evento contará com concertos lítero-musicais, lançamentos de livros, contação de histórias, oficinas pedagógicas, intervenções artísticas, visitas guiadas, apresentações teatrais, exposições iconográficas, filmes, tendo como pano de fundo a história local e a cultura sertaneja.
“Vale ressaltar o impacto positivo da movimentação cultural na economia local, com a integração de atrações locais, regionais, estaduais e nacionais, envolvendo obras e atividades que dialogam com a cultura regional”, ressalta o curador do evento.
As atividades são direcionadas ao público em geral mas com foco especial nos estudantes das redes municipal e estadual de ensino público do Estado, de Canudos e de cidades circunvizinhas.
Antes de tudo, a Flican valorizará as manifestações artístico-culturais desta cidade emblemática, por duas vezes destruída e reconstruída.
Desde 2019, a feira ingressou no circuito de eventos abertos que combinam a literatura com outras linguagens artísticas e ajudam a popularizar o acesso à cultura e à difusão do livro e da leitura.
A Flican é organizada e gerida pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), através do Campus Avançado de Canudos e o Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural/Pós-Crítica, Campus II Alagoinhas, em parceria com a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, Fundação Pedro Calmon, Prefeitura Municipal de Canudos, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Secretaria Municipal de Educação. Conta ainda com o apoio das editoras das Universidades Estaduais da Bahia e da UFBA, bem como do Instituto Popular Memorial de Canudos (IPMC).